Os Rivulídeos, conhecidos popularmente como peixes anuais, pertencem a Família Rivulidae e Ordem Cyprinodontiformes. Peixes de pequeno porte que raramente chegam a dez centímetros de comprimento, os rivulídeos vivem em áreas úmidas temporárias sazonais, como lagos, riachos etc., durante boa parte do ano até o período de estiagem. Mas porque são conhecidos por caírem do céu? O misterioso nascimento dos peixes rivulídeos lhe garantiu o mítico nome de peixes-das-nuvens. É como se eles tivessem literalmente caído do céu junto com as chuvas mas na verdade esses animais surgem da terra.
Inicialmente é necessário levar em conta alguns aspectos biológicos deste animal. Para viverem em ambientes com condições extremas, estes peixes apresentam muitas adaptações, como ciclo de vida curto, capacidade de diapausa (mecanismo muito popular entre os insetos, o qual ocorre uma pausa temporária no desenvolvimento embrionário) e altas taxas metabólicas. Além disto, os Rivulídeos possuem um desenvolvimento rápido, e na maioria das vezes é encontrado na fase adulta, pois seus ovos ficam embaixo da terra durante todo o período seco esperando a próxima chuva (enquanto nesse período os adultos morrem). Quando o período chuvoso se inicia novamente, o ambiente volta a formar poças d'água, formando novos lagos temporários, e os ovos que se encontram no substrato em profundidade de 15 cm, eclodem originando uma nova população de larvas, que em pouco mais de um mês, ganham forma adulta, iniciando novamente o ciclo de reprodução.
Por viverem em ambientes temporários e apresentarem ciclo de vida tão peculiar, embora presentes em todos os biomas do Brasil, os peixes anuais são o grupo de peixes que apresenta o maior número de espécies ameaçadas de extinção. Os peixes anuais da família Rivulidae são bastante afetados pela degradação do ambiente em que vivem, o que gera a perda de seu habitat, e por serem peixes que só aparecem em determinadas épocas do ano, podem até estar correndo risco de entrarem em extinção.
Os ambientes onde essas espécies vivem são frequentemente negligenciados, sofrendo impactos relacionados, principalmente, com aterramentos, drenagens, agricultura, urbanização e poluição. Nesses locais também existem grandes variações nas condições fisico-quimica, estresse hídrico, baixos níveis de oxigênio, e amplitude térmica alta. Por conta desses fatores essa espécie se desenvolve rapidamente durante o período chuvoso, atingindo a maturidade sexual precoce, cerca de 6 a 8 semanas, apresentando reprodução contínua e onde cada geração sobrevive apenas um ano. Então, agora você sabe o real motivo desses peixes serem conhecidos por caírem do céu?
Os autores: Esse texto foi escrito pelos discentes Jeferson Trindade, Joyce Macêdo, Kelly Alves, Milena Gomes e Rutiele Notran , como atividade avaliativa para a matéria Zoologia IV.
Confira as referências desse texto:
PAN Rivulídeos. Museu de Ciências Naturais - Fundação Zoobotânica. Rio Grande do Sul, 18 de Ago. de 2013. Disponível em <http://www.mcn.fzb.rs.gov.br/conteudo/2567/?PAN_Rivul%C3%ADdeos>. Acesso em: 07 de Nov. de 2020.
VILELA, Miguel. Esses peixes sobrevivem meses sem água, mas podem desaparecer. National Geographic. 24 de Out. de 2019. Disponível em <https://www.nationalgeo.graphicbrasil.com/animais/2019/10/estes-peixes-sobrevivem-meses-sem-agua-mas-podem-desaparecer>. Acesso em: 30 de Out. de 2020.
Rivulídeos, os peixes que chegam com as chuvas. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. 28 de Fev. de 2020. Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/10930-conheca-os-peixes-rivulideos> Acesso em: 30 de Out. de 2020.
Capa: Foto do rivulídeo Notholebias vermiculatus, tirada por Marco Terranova e publicada no Portal G1.
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