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Você sabe o que é Herpetologia?


Herpetologia é um ramo da biologia que estuda os anfíbios e os répteis não-avianos. Mas você pode estar se perguntando: E o que tem para se estudar nesses bichos? Acredite, muita coisa! Os estudos desses animais vão desde questões anatômicas, fisiológicas, taxonômicas até comportamentais e evolutivas. Entender os processos que afetam esses animais pode ser algo fundamental para nortear o entendimento da natureza, visto que muitos podem ser ótimos bioindicadores.

Apesar da grande quantidade de publicações nos tempos atuais, os estudos herpetológicos começaram a ter maior destaque a partir do ano de 1869 quando o Museu Americano começou a receber espécimes de diversas fontes, acumulados em uma grande coleção biológica de anfíbios e répteis.


Enquanto isso, no Brasil, acidentes ofídicos tinham índices alarmantes, tratados seguindo crenças populares. Vital Brazil foi um grande médico, pesquisador e herpetólogo que contribuiu imensamente com os estudos da herpetologia no Brasil, principalmente sobre venenos e acidentes com serpentes. Assim, mesmo com todo o interesse médico, estudos sobre ecologia, reprodução, fisiologia, morfologia, comportamentos, mitos, evolução e diversidade também começaram a crescer, fazendo com que as coleções biológicas ganhassem atenção. Desde então, centenas de pesquisadores publicam trabalhos de temas diversos a partir de coleções mantidas em instituições por todo o Brasil, país com uma das maiores diversidade de anfíbios e répteis do mundo.

Sobre esses saudosos animais, as diferenças são muitas! Anfíbios e Répteis são tetrápodes; vertebrados ectotérmicos (precisam da temperatura externa para regular a temperatura corporal). Essas duas classes, são diferentes em vários aspectos. Amphibia apresenta, em geral, um ciclo de vida bifásico e tem, como uma de suas características, uma pele úmida e permeável. Reptilia é uma classe com ampla diversidade morfológica que, em geral, compartilham a característica de uma pele escamosa ou com placas ósseas.

E você também pode estar se perguntando: Mas o que anfíbios e répteis têm em comum para serem agrupados numa única linha de estudo? A verdade é que eles não têm tanto em comum assim. Mas lá em meados do século XVIII, quando a taxonomia estava se consolidando, os naturalistas da época acharam que seria conveniente mantê-los reunidos num grupo e, como isso se fixou, foi algo que acabou perdurando até os dias atuais. O que acontece é que existem características complementares para esses dois grupos. Outra questão, é que a biologia desses animais permite que pesquisadores tenham facilidades para aplicar as técnicas semelhantes de estudo, tanto em campo como em laboratório; a partir de modelos criados baseados em similaridades em algumas espécies das duas classes. Assim, foram possíveis estudos sobre ecologia, comportamento, desenvolvimento e evolução.


Na UESB de Vitória da Conquista, os especialistas da herpetologia que lecionam na instituição, atuam quase que exclusivamente trabalhando no estudo dos anuros (sapos, rãs, pererecas). Assim, à medida que formos apresentando os trabalhos desenvolvidos, não se assuste se tratarmos predominantemente de anfíbios.

Atualmente, os projetos de pesquisa envolvem reprodução de anuros da Caatinga, por meio de um levantamento bibliográfico sobre a reprodução a fim de visualizar uma relação e/ou possíveis vantagens com o bioma. Logo em seguida, tem-se o estudo direcionado ao desenvolvimento larval de espécies de anuros com padrão de desenvolvimento explosivo, realizado em um corpo d’água semipermanente em Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia.

Adicionalmente, deparamos com mais dois outros projetos, onde um trata da distribuição espacial e temporal de anuros, com objetivo de descrever esta distribuição de anuros em um corpo d’água semi permanente situado em uma área antropizada do município de Vitória da Conquista, determinando a composição dos sítios de canto, indicando riquezas e abundância de indivíduos através da vocalização. E por fim, temos o projeto de guia de identificação de anurofauna de Vitória da Conquista. Este trabalho pretende elaborar um guia para identificação das espécies de anuros do município com a inclusão de informações biológicas para as espécies.

Confira as referências desse texto:

LUCHESE, M. S. A herpetologia no Ensino Fundamental: o que os alunos pensam e aprendem. Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013.


POUGH, F. H., ANDREWS, R.M., CADLE, J. E., CRUMP, M. L., SAVITSKY, A. H., WELLS, K.D. Herpetology. 3nd ed. Pearson Prentice Hall, Upper Saddle River, New Jersey, USA, 2004.


ZUG, G. R., L. J. VITT, AND J. P. CALDWELL. Herpetology: an introductory biology of amphibians and reptiles. 2nd ed. Academic Press, San Diego, CA, 2001.

Capa: Foto da espécie Rhinella jimi, tirada por Vivian Gonçalves.

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