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O Caboge

Foto de Sampaio (2017) via Aquarismo Paulista


Conhecido como tamboatá, caboge, caborja, soldado e dentre outros nomes populares, o Hoplosternum littorale (Hancock, 1828), pertence à ordem Siluriformes e à família Callichthyidae. É amplamente distribuído na América do Sul, podendo ser encontrado nas bacias do Amazonas, Araguaia, Paraguai, São Francisco, Paraná, ao longo de regiões litorâneas do leste e também na região Nordeste (CALDEIRAS et al. 2007; FERREIRA; SANTOS, 2010; RAMOS; RAMOS; RAMOS, 2014).


Os representantes dessa família são facilmente reconhecidos em relação a outros peixes, pela presença de placas ósseas dispostas em duas linhas longitudinais que recobrem ambos os lados do corpo. Por ser um recurso pesqueiro bastante apreciado pelas comunidades ribeirinhas e urbanas da Amazônia, apresenta grande importância econômica (ZARDO; BERH, 2013). Trata-se de um espécie bentônica, habita preferencialmente ambientes alagados com abundância em macrófitas aquáticas como, pântanos de água doce onde o teor de oxigênio é baixo, ou rios pouco movimentados, podendo viver em grupos ou isolados (ALBUQUERQUE, 2005).


É um peixe de porte médio, corpo alongado com hábitos noturnos, medindo aproximadamente 18,8 cm de comprimento (ZARDO; BEHR, 2013). Os adultos são onívoros, enquanto que as larvas e os juvenis possuem uma alimentação baseada em rotíferos, microcrustáceos e outros invertebrados (SOARES et al. 2008).


Foto de Sampaio (2017) via Aquarismo Paulista


A dieta dessa espécie tem sido considerada detritívora, havendo uma tendência à herbivoria, visto que foram encontrados em seu conteúdo estomacal restos principalmente de matéria orgânica de origens animal, vegetal e indeterminada, além de larvas de insetos, microsporângio e megasporângio de Salvinia oblongifolia, Ostracoda, Gastropoda e Arthropoda (FERREIRA; SANTOS, 2010). Seu hábito alimentar também sofre variações de acordo às estações do ano. No período das chuvas, os quironomídeos, associados a detritos, são muito consumidos pelos indivíduos adultos, enquanto que na estação da seca, sua fonte principal de alimentos vem dos insetos terrestres, dípteros aquáticos, microcrustáceos e alguns detritos.


O caboge é um peixe curioso por apresentar respiração aérea contínua. Seu ciclo de ventilação consiste em subir a superfície e inspirar ar pela boca, com o ar antigo no corpo sendo expelido pelo ânus, e ao se direcionar pro fundo novamente, comprime a cavidade oral, facilitando a transmissão do ar para o intestino e forçando mais ar para fora do ânus, com gás adicional sendo excretado pelo opérculo (JUCÁ-CHAGAS; BOCCARDO, 2006).


A inalação e expiração ocorrem quase ao mesmo tempo, de modo a evitar que misture o ar fresco com o velho. Ele é o campeão em extrair oxigênio por esse método, sendo capaz de pegar mais do que outros peixes que também respiram ar atmosférico, como a traíra pixuna e a piramboia, possivelmente devido a sua afinidade sangue-oxigênio ou sua ventilação de ar unilateral (JUCÁ-CHAGAS; BOCCARDO, 2006).

Ciclo de respiração de ar atmosférico de Hoplosternum littorale: 1) Subida à superfície da água; 2) Inspiração do ar; 3) Vira o corpo, expulsando ar antigo; 4) Retorno ao fundo, liberando gás pelo opérculo. Fonte: (JUCÁ-CHAGAS; BOCCARDO, 2006).



Autores: Deyse Karoline Freires Santos, Flávia Casteliano Souza, Jerlane Nascimento Moura, Laís Silva de Castro e Mateus do Couto Andrade.

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