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Poraquê: O peixe com super poderes


O Poraquê (Electrophorus electricus), é um peixe ósseo (Actinopterygii) encontrado na Bacia Amazônica que apresenta como características morfológicas gerais a presença de um corpo alongado e cilíndrico, com apenas uma nadadeira anal, que se estende por quase todo o abdome. Sua cabeça é achatada e a boca é equipada com uma fileira de dentes cônicos e afiados. A cor desse animal é sempre muito escura, porém a parte ventral de seu corpo é amarelada. Esse peixe, pode chegar a 2 metros de comprimento e pesar cerca de 20 quilos.



Seu nome popular vem do Tupi e significa "o que faz dormir". Essa terminologia revela sua habilidade que é a capacidade de produzir descargas elétricas elevadas, suficientes para abater até um cavalo. É a única espécie dentro da sua ordem (Gymnotiformes) que possui alta voltagem capaz, portanto de usar a descarga para ataques ofensivos ou defensivos.


Imagino que os leitores estão curiosos para entender como é possível que esse peixe produza descargas elétricas, então, sem mais delongas, vamos para a explicação: A descarga elétrica é produzida por uma agregação de tecidos especializados, que constitui o órgão elétrico. É produzida por células, conhecidas como eletrócitos, que são células musculares modificadas. As células musculares que deram origem aos eletrócitos durante a história evolutiva perderam sua capacidade de contração e sofreram uma mudança na distribuição das proteínas da membrana celular. Com essas modificações, o alinhamento em série dos eletrócitos e a polaridade única de cada célula permite a soma de tensões, de forma semelhante a “baterias empilhadas em série em uma lanterna”.

Todos seus órgãos vitais (vísceras) localizam-se próximo a cabeça, inclusive o ânus. Todo o resto do seu corpo, logo após as nadadeiras peitorais são constituídos por músculos que formam o órgão elétrico. O Poraquê possui três órgãos elétricos: o de Sach, de Hunter e o órgão principal.



O órgão de Sach e a porção posterior do órgão de Hunter podem ser descarregados sem uma descarga acompanhada do órgão principal. Esta descarga é de baixa amplitude (10 volts) e provavelmente é usada mais para a detecção da presa do que para a sua captura. A notória descarga de até 600 volts e com corrente de até 1 ampere é produzida quando todos os órgãos descarregam simultaneamente; a maior contribuição é do órgão principal. A maior parte da corrente produzida pela descarga de alta voltagem é canalizada diretamente para o ambiente, reduzindo assim o efeito sobre os tecidos do próprio animal, mas não será surpreendente descobrir que o sistema nervoso central do animal possui adaptações especiais que o tornam tolerante às correntes residuais que fluem através dele.



Os autores: Esse texto foi escrito pelos discentes Catharine Cardoso Amorim, Klemilson Oliveira Silva, Jéssica Neres e Maiara Ramos de Araújo, como atividade avaliativa para a matéria Zoologia IV.


Confira as referências desse texto:

ALVES‐GOMES, JA. 2001. The evolution of electroreception and bioelectrogenesis in teleost fish: a phylogenetic perspective. Journal of Fish Biology, v. 58, n. 6, p. 1489-1511.


GALLANT, JR et al. 2014. Genomic basis for the convergent evolution of electric organs. Science, v. 344, n. 6191, p. 1522-1525


T. H. Bullock, N. Fernandes..Souza, W. Graf, W. Helligenberg, G, Langner. O.l. Meyer, F Pimentel· Souza, H. Scheich e T.A. Viancour. Aspectos do uso da descarga do órgão elétrico e eletrorrecepção nos Gymnotoidei e outros peixes amazônicos. ACTA AMAZONICA 9(3): 549·572, 1979.


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